Quem a por uma floricultura e se depara com aquele mar de cores vivas em tons de rosa, azul, roxo, lilás e branco talvez nem imagine que está diante de uma planta que tem muito mais do que beleza. A cinerária, com seu aspecto de margarida pintada à mão, costuma ser vista apenas como uma flor ornamental temporária. Mas por trás dessa aparência encantadora, há uma história botânica rica, particularidades surpreendentes e truques que poucos conhecem — e que fazem toda a diferença no cultivo.
Cinerária: 3 curiosidades que vão te surpreender
Originária das Ilhas Canárias e pertencente ao gênero Pericallis, a cinerária (também conhecida como Pericallis x hybrida) não é uma flor qualquer. Apesar de sua fama de “planta descartável” após a floração, ela guarda segredos que impressionam até quem já está acostumado com jardinagem.
Ela não é o que parece: a cinerária não é uma única flor
Pode parecer que estamos olhando para uma flor única, como uma margarida colorida. Mas o que chamamos de “flor” na cinerária é, na verdade, um conjunto de flores! Assim como acontece com o girassol e a dália, a inflorescência da cinerária é composta por dezenas de flores minúsculas agrupadas em uma estrutura chamada capítulo.
As pétalas coloridas na borda são as flores liguladas — aquelas que a gente normalmente associa ao visual da planta — enquanto o centro, muitas vezes mais escuro, é composto por flores tubulares férteis, onde ocorre a reprodução.
Essa informação muda tudo quando pensamos em polinização. Ao contrário de outras plantas ornamentais que só atraem abelhas ou borboletas pela aparência, a cinerária é um verdadeiro banquete de pólen e néctar. Ela pode ser uma excelente aliada para quem cultiva hortas e jardins com enfoque ecológico, contribuindo para manter a biodiversidade em alta.
Sua beleza extrema tem um preço: ciclo de vida curto
A segunda curiosidade que surpreende muitos jardineiros é o ciclo da cinerária: ela é uma planta de vida curta, cultivada quase sempre como anual. Isso significa que, depois de dar flores — e que flores! — ela geralmente começa a definhar.
Mas calma: isso não quer dizer que a planta “morre de vez”. A verdade é que a maioria das pessoas simplesmente descarta a cinerária após a floração porque ela perde o vigor estético. Só que, com um pouco de paciência e técnica, dá para prolongar sua vida ou até multiplicá-la por sementes.
Durante seu auge, a cinerária exige temperaturas amenas, entre 13 °C e 20 °C. Em locais muito quentes ou com exposição direta ao sol forte, ela rapidamente perde a cor e murcha. Por isso, é comum encontrá-la em vasos dentro de casas bem ventiladas ou varandas protegidas, especialmente na primavera.
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O truque para estender sua beleza por mais tempo é a poda das flores murchas. Essa ação simples estimula a planta a concentrar energia em novos botões florais. Embora a intensidade da floração nunca seja a mesma após o primeiro ciclo, você pode garantir um visual agradável por mais semanas.
Pode mudar de cor com o pH do solo
Essa é de cair o queixo até dos cultivadores experientes: algumas variedades de cinerária podem apresentar mudanças sutis na coloração das flores de acordo com o pH do solo — algo semelhante ao que acontece com as hortênsias. Embora não seja tão visível ou drástico, pesquisadores já observaram que plantas cultivadas em solos mais ácidos tendem a apresentar tons mais intensos, enquanto as mantidas em substratos alcalinos produzem flores mais pálidas.
Isso se deve à presença de pigmentos chamados antocianinas, que são sensíveis ao pH. Esse tipo de reação abre um leque de possibilidades decorativas para quem gosta de experimentar e criar jardins com paletas de cores específicas.
Além disso, o substrato ideal para a cinerária é levemente ácido e bem drenado, o que pode ser obtido com uma mistura de terra vegetal, húmus de minhoca e um toque de areia grossa. Evitar o encharcamento é fundamental, já que a planta tem raízes finas e muito sensíveis ao excesso de água.
Bônus: ela não gosta de carinho em excesso
Pode parecer estranho incluir isso como uma curiosidade, mas faz todo sentido: a cinerária é uma planta que gosta de cuidados pontuais, e não de atenção constante. Muita água, muito sol ou muito vento podem acabar prejudicando seu desenvolvimento.
Ela é quase como aquela visita elegante que fica um tempo na casa, encanta todos com sua beleza, mas precisa ir embora logo depois. Saber aproveitar seu ciclo no momento certo é o segredo para não se frustrar com ela.
Quem entende essa lógica começa a ver a cinerária como uma planta para ocasiões especiais — perfeita para decorar ambientes por algumas semanas com um toque vibrante, quase cenográfico, mas sem apego duradouro. E tudo bem que seja assim.
