
A ocorrência de chuvas irregulares, mais concentradas nas regiões a Sul e a Leste do Estado, aliviou momentaneamente o estresse em lavouras beneficiadas. No entanto, na maior parte do território estadual, não houve precipitações ou elas foram insuficientes para reverter o quadro de estiagem.
De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado nesta quinta-feira (02), os dias foram novamente de muito calor, secos e com alta intensidade da radiação solar, ocasionando elevadas taxas de evapotranspiração, impactando negativamente as lavouras de soja em desenvolvimento (48%), em florescimento (35%), e em enchimento dos grãos (17%). O plantio está quase concluído (99%).
Nas lavouras mais afetadas é possível observar folhas murchas nas primeiras horas da manhã, assim como a queda acentuada de flores. Nota-se, de maneira geral, que ocorre desfolha, concentrada no terço inferior, e pouca emissão de novas folhas.
Conforme amostragem realizada em 412 municípios do Estado, estima-se que a redução da produtividade, na zona mais afetada, é pouco superior a 20%, como é o caso das regiões istrativas da Emater/RS-Ascar de Santa Maria e Santa Rosa. O decréscimo é estimado em cerca de 10% nas de Bagé, Frederico Westphalen, Ijuí, Lajeado e Pelotas; entre 2% e 3% nas de Erechim e Soledade; e não há redução nas de Caxias do Sul, o Fundo e Porto Alegre. A área de soja projetada para a safra 2022/2023 é de 6.568.607 hectares. A produtividade estimada inicialmente é de 3.131 kg/ha.
Milho
Houve prosseguimento na colheita, alcançando 35% da área plantada. A estiagem provocou o estiolamento dos colmos das plantas, que não se mantêm em pé, aumentando o número de plantas acamadas e de difícil recolhimento na operação de corte. Essa situação está contribuindo para a antecipação da colheita, mesmo de grãos com umidade acima do ideal, entre 25% e 28%.
O plantio do milho chega a 97%, sendo que 14% está em fase de germinação e desenvolvimento vegetativo, 12% em floração, 19% em enchimento de grãos e 20% em maturação.
Na última semana, foi realizada nova avaliação dos efeitos da estiagem em relação à produtividade em 463 municípios do Estado. A estimativa inicial de produtividade manteve-se na região istrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul; na de Porto Alegre, a redução é próxima de 10%; nas regiões de Lajeado, o fundo e Soledade, são próximas a 20%; nas de Erechim, Ijuí, Pelotas e Santa Rosa, entre 35% e 40%; e nas de Bagé, Frederico Westphalen e Santa Maria, são pouco superiores a 50%. A área estimada de cultivo para a safra 2022/2023 é de 831.786 hectares. A estimativa inicial de produtividade era de 7.337 kg/ha.
Arroz
Aproximadamente 48% das lavouras estão entre as fases de emissão das panículas e floração e há preocupação com o possível impacto da combinação de temperaturas próximas de 40°C e com a baixa umidade relativa do ar, registradas no período. Picos de temperaturas acima de 35°C podem causar a esterilização de espiguetas. A faixa de temperatura ótima para as lavouras em florescimento varia de 30 a 33°C e, para a maturação, entre 20 e 25°C. Temperaturas abaixo de 15°C durante o florescimento também podem causar esterilização de espiguetas.
Entre as regiões de maior produção, a expectativa de produtividade ainda é mantida na região istrativa da Emater/RS-Ascar de Porto Alegre. Há perspectiva de redução entre 2% e 4% nas de Lajeado, Santa Maria e Soledade. Os maiores danos ocorrem nas de Bagé e Pelotas, com perspectiva de redução de 7% e 8%.
O plantio já está concluído, sendo que 52% está em fase de germinação e desenvolvimento vegetativo, 36% em floração e 12% em enchimento de grãos. A área estimada de arroz pelo IRGA é de 862.498 hectares. A produtividade projetada é de 8.226 kg/ha.
Feijão 1ª safra
A área projetada de feijão 1ª safra é de 30.561 hectares. A produtividade estimada inicialmente é de 1.701 kg/ha.
Olerícolas
Na regional da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, em Uruguaiana, áreas de produção de abóbora com irrigação estão apresentando bom desenvolvimento, ao o que as áreas de produção de mandioca, em sua maioria não irrigadas, demonstram leve recuperação, após as pancadas de chuvas registradas no período. Com a conclusão da colheita nas áreas de cultivo de cucurbitáceas, os produtores se concentram nas atividades de preparo do solo para retomada dos plantios em fevereiro e março, quando há melhores perspectivas com relação às chuvas; está previsto o estabelecimento de novas áreas de batata–doce, que tradicionalmente tem implantação escalonada desde o mês de outubro.
Frutícolas
Na região istrativa da Emater/RS-Ascar de Erechim, os pomares de caqui estão em fase de desenvolvimento dos frutos. Os agricultores manifestam preocupação com a falta de água, mas estão acompanhando o desenvolvimento da cultura, que se encontra em bom estado fitossanitário.
Na de Santa Rosa, o plantio da safrinha de girassol foi concluído, após a reposição de umidade proporcionada pelas chuvas em 12 e 13/01, que tiveram volume suficiente para beneficiar uma germinação uniforme. As lavouras recém-implantadas estão em desenvolvimento vegetativo e representam 8% do total cultivado. Foi finalizada a colheita nos cultivos implantados em 2022, que representam 92% do total. A estimativa inicial de produtividade era de 1.876 kg/ha. Como reflexo da estiagem, as lavouras apresentaram uma perda pouco superior a 6%, resultando em 1.759 kg/ha.
Erva-mate
Na região istrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, a área cultivada alcança 650 hectares e se caracteriza como uma atividade tradicional da agricultura familiar. A maior parte dos ervais são colhidos em regime de parceria com as empresas beneficiadoras, resultando em um manejo inadequado, causando danos em plantas.
A maior parte dos cultivos são conduzidos no sistema de monocultura ou extrativista, através do manejo de ervais nativos remanescentes. Em pequeno número de propriedades, a forma de exploração é em sistemas agroflorestais, com manejo e produção diferenciada, condições essas que agregam mais valor à produção. Durante o período da pandemia, verificou-se o aumento no consumo, observando-se a continuidade na procura da matéria prima e os preços praticados são considerados satisfatórios pelos produtores.
Verificou-se também a busca por produto oriundo de processamento mais artesanal, feita em pequena escala de produção. No campo, a cultura apresenta boas condições fitossanitárias, está em fase de desenvolvimento e com a colheita em andamento.