
Todos sabemos que a gente vive atualmente, mais que a crise econômica ou a crise política, uma crise moral e ética sem precedentes nesta terra de botocudos.
Pois a nossa república de bananas parece mesmo que se perdeu pelo caminho e, como disse ontem o ministro Barroso em mais um dos já tradicionais bate-bocas no STF, naturalizou as coisas erradas.
E a gente tem o dever imperioso de enfrentar isso. Porque nenhum de nós partilha de nenhum tipo de atitude conivente com a corrupção e nem de longe queremos que o Brasil seja o país da corrupção. E, exatamente por isso, toda corrupção tem que ser punida, simplesmente porque é crime.
E, como todo crime, tem que ser investigada, apurada e punida nos termos da lei. Simples assim.
Porque, como disse o ministro, nós precisamos enfrentar isso. E porque precisamos fazer um novo país, e porque precisamos ensinar as novas gerações de que vale a pena ser honesto, sem vingadores mascarados e sem achar que ricos criminosos têm imunidade.
O ministro se referia às críticas de Gilmar Mendes à Operação Lava-Jato e, mais especificamente, às denúncias contra o atual governo feitas pelo quadrilheiro confesso Joesley Safadão e a delação da JBS.
Pois Barroso disse, e eu aqui faço minhas as palavras do ministro, que ouviu o temeroso presidente dizer que tinha que manter os acertos com Cunha. E eu quero dizer aqui, como o ministro disse, que eu também vi a fita, eu também vi a mala de dinheiro, eu também vi a corridinha na televisão, e eu também não posso calar.
Porque eu também li o depoimento de Youssef, eu também li o depoimento de Funaro.
Nós vivemos sim uma tragédia brasileira, a tragédia da corrupção que se espalhou de alto a baixo sem cerimônia. Quem disse isso foi um ministro do STF.
E eu digo mais: esta corrupção que se espalhou sem cerimônia inaugurou há décadas um modelo de negócios em que as relações entre o poder econômico e o poder político são permeadas pelo favor e pelo favorecimento, pelo fisiologismo e pelo toma-lá-dá-cá, pelo superfaturamento e pela propina da corrupção que mantém esse círculo vicioso como o moto-contínuo da cobra que eternamente segue comendo o próprio rabo.