Eles andam na surdina, quase sempre à noite, evitando contato com humanos e se escondendo em tocas improvisadas nos fundos do quintal ou sob entulhos esquecidos. Os gambás são discretos, mas quando resolvem adotar seu terreno como morada, deixam pistas inconfundíveis. Se você suspeita que uma família inteira esteja vivendo ali perto — mas ainda não tem certeza —, alguns sinais podem te dar a resposta sem que seja preciso encontrá-los cara a cara.
Como identificar se há gambás morando por perto
Gambás são animais silvestres com papel ecológico importante. Alimentam-se de insetos, caramujos, frutas e até cobras pequenas, ajudando a controlar pragas e equilibrar o ecossistema urbano. Apesar disso, a convivência direta pode gerar transtornos — principalmente por conta do odor característico, da possibilidade de doenças e do susto que causam ao serem surpreendidos à noite.
Se você está desconfiado de que há mais do que silêncio noturno no seu quintal, fique atento a esses três indícios.
1. Odor forte e característico no quintal ou na garagem
Um dos primeiros sinais de que há um gambá por perto é o cheiro forte, meio adocicado, meio azedo, que surge do nada e parece ficar mais intenso durante a noite. Esse odor é produzido por glândulas localizadas na região anal do animal, usadas como defesa contra predadores. É diferente do cheiro de urina de gato ou de mofo — e costuma ser persistente, mesmo após varrer ou lavar o local.
Se você notar esse tipo de cheiro na garagem, no canto da varanda ou nos fundos do quintal, especialmente ao anoitecer, há grandes chances de um gambá estar frequentando ou habitando o espaço.
O problema se agrava quando há filhotes. A fêmea pode escolher locais escondidos, como atrás da máquina de lavar, embaixo de decks de madeira ou dentro de montes de folhas, para abrigar a ninhada. O cheiro se intensifica com a presença de excrementos e restos de alimento.
2. Presença de fezes semelhantes às de gato, mas com sementes
Outro indício típico da presença de gambás são as fezes deixadas em locais protegidos, como cantos de muros, telhados, beirais ou dentro de caixas e galpões. O curioso é que o cocô do gambá se parece bastante com o de um gato doméstico — é alongado, escuro e em pequenas quantidades.
Mas há um detalhe que denuncia: os resíduos alimentares visíveis. Como os gambás se alimentam de frutas e restos orgânicos, é comum ver pedaços de sementes, cascas ou até pequenos ossos misturados ao material fecal. Se você tem pets em casa e já conhece bem os “presentinhos” deles, vai perceber que algo diferente está acontecendo.
Além disso, o gambá tem o hábito de retornar aos mesmos pontos para fazer suas necessidades, criando pequenas “latrinas”. Isso faz com que o cheiro se acumule com o tempo e se torne ainda mais evidente.
3. Sons noturnos semelhantes a arranhões ou chilreios
O terceiro sinal é o mais inquietante e pode interromper noites de sono: barulhos misteriosos ao entardecer e durante a madrugada. Os gambás são animais noturnos e ficam mais ativos nesse período, explorando telhados, forros e muros.
Os sons mais comuns são:
- Arranhões vindos do forro, como se algo estivesse subindo ou cavando;
- Estalos e batidas leves, especialmente perto de caixotes, entulhos ou lixeiras;
- E um som semelhante a um chiado ou chilreio, mais agudo, emitido por filhotes ou em situações de alerta.
Esses ruídos geralmente são sutis, mas se tornam constantes quando há mais de um animal, como no caso de uma família com fêmea e filhotes. Também é comum escutá-los logo após colocar o lixo para fora, já que os gambás aproveitam restos de comida como fonte segura de alimento.
Como evitar que gambás se instalem de vez
Se você já identificou esses sinais, é hora de agir com cautela. Lembre-se: gambás são protegidos por lei e não podem ser capturados ou mortos sem autorização dos órgãos ambientais. A abordagem correta é impedir o o e tornar o ambiente menos atrativo.
Veja algumas medidas eficazes:
- Feche frestas e buracos em muros, telhados, forros e sob escadas;
- Evite o acúmulo de entulho, folhas secas e madeiras, que viram tocas naturais;
- Mantenha lixeiras sempre tampadas e, se possível, fora do alcance;
- Recolha restos de frutas e ração de pets à noite, para não atrair os animais;
- Use luzes com sensor de movimento, que podem inibir a presença noturna.
Caso a família de gambás já tenha se instalado, o ideal é procurar a Secretaria do Meio Ambiente ou o Centro de Zoonoses da sua cidade. Eles possuem equipamentos e autorização para realocar os animais de forma segura.
Convivência urbana com responsabilidade
Os gambás não são vilões — pelo contrário. São criaturas tímidas, inofensivas e altamente adaptadas à vida urbana, onde encontram abrigo e alimento com facilidade. O que precisamos é aprender a identificar sua presença, proteger nossos espaços e respeitar o equilíbrio entre natureza e cidade.
Observar a fauna que nos rodeia é também um exercício de escuta. Muitas vezes, o arranhado no forro ou o cheiro no quintal não são problema, mas sinal de que a natureza está mais próxima do que imaginamos.